10 anos em uma semana
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(cavalinho)
Naquele dia
Seus olhos eram sementes
E me olhavam
Como se a qualquer momento fossem transbordar
Uma floresta ancestral
Por cima da cama.
Naquela semana
Você
Que eu nunca perdi de vista.
E eu
Em que você acreditava antes mesmo de saber minhas verdades
(ou que pra mim elas mudam de 2 em 2 anos)
Não tinhamos tempo para nada
Mas olhamos a lua por dias seguidos
Conversando sobre gatos, viadutos, Jung, ancestralidade, e afogamentos
(de todos os tipos)
Descobrimos o sonho
De manter nossas cabeças acima da superfície.
Nas suas mãos
Eu não li seu futuro nem seu passado
Mas eu descobri o presente
Que como diria T.S Eliot
Por ser eterno, torna todo o tempo irredimível.
E descobri que minha beleza era intemporal
Assim como a intensidade desses momentos.
Naquelas manhãs
Despertamos todos os dias
Com medo do alarme
Que sempre se parecia com o terceiro apito do teatro
(ou o primeiro sino da igreja).
Mas das suas mãos quentes, generosas e seguras
Eu parti.
E voando por cima de Chicago
Um velho professor sentado ao meu lado
Me fala novamente sobre o tempo
E me elogia pela minha capacidade de olhar as núvens
(e manter minha mente viva)
Depois me diz que nunca devo confiar em meninos
E eu respondo
Que nunca confiei
(quando queria ter dito que na verdade eles não deveriam confiar em mim)
Mas logo depois comento
Que tenho um amigo próximo que morou nessa cidade
O senhor me pergunta;
Você confia?
Eu penso por um segundo e respondo
Nesse eu confio.